1922: campeão do centenário só o Rio Branco é

4/26/2014 , 0 Comments

Em 1922, ano do Centenário da Independência, o alvinegro conquistou o Campeonato Paulista do Interior e disputou contra o Corinthians, no Parque Antarctica, a final do estado, valendo o título da Taça Competência e o título de Extra Campeão Paulista, porém perdeu por 5 a 0, no dia 3 de maio de 1923 (as finais sempre eram disputadas no ano seguinte).

Do fim da década de 1910 até o começo da década de 1930 era realizado o Campeonato Paulista do Interior, visto que o Campeonato Paulista da época abrigava em sua grande maioria clubes da capital - até por causa das dificuldades de locomoção dos times. Também foi disputada por 10 anos, de 1917 até 1927, a Taça Competência, onde se enfrentavam os Campeões do Campeonato Paulista e os Campeões do Campeonato Paulista do Interior.

Antes de chegar ao Corinthians, o Tigre então campeão regional (Zona Baixa Paulista) e da Zona Paulista, encarou o Taubaté, campeão da Zona Sorocabana. Ao lado está a famosa Taça das Palmeiras de campeão do Interior de 1922, umas das mais importes da sala de troféus riobranquense.

Vamos neste especial conferir esta saga, começando com as divisões das regiões ou grupos daquele ano, todos superados e representados na finalíssima do estado por um clube, o Rio Branco:

Zona Central Do Brasil 

Associação Atlética Caçapavense - Caçapava
Associação Esportiva Guaratinguetá - Guaratinguetá
Associação Esportiva São José - São José Dos Campos
Cruzeiro Futebol Clube - Cruzeiro
Esporte Clube Elvira - Jacareí
Esporte Clube Hepacaré - Lorena
Esporte Clube Taubaté – Taubaté

Zona Mogiana 

Amparo Atlético Clube - Amparo
Associação Atlética Francana - Franca
Batatais Futebol Clube - Batatais
Botafogo Futebol Clube - Ribeirão Preto
Sociedade Esportiva Sanjoanense - São João Da Boa Vista

Zona Baixa Paulista 

Guarany Futebol Clube - Campinas
Paulista Futebol Clube - Jundiaí
Rio Branco Esporte Clube - Americana
São João Futebol Clube – Jundiaí

Zona Alta Paulista

Associação Esportiva Velo Clube Rioclarense - Rio Claro
Esporte Clube XV De Novembro - Piracicaba
Rio Claro Futebol Clube - Rio Claro
União Agrícola Barbarense Futebol Clube - Santa Bárbara D’oeste

 Zona Sorocabana 

América Futebol Clube - São Roque

Campeão da Zona Baixa Paulista
(Zona Paulista era dividida em Zona Alta Paulista e Zona Baixa Paulista)

13/08/22 – Rio Branco 3-1 Guarany – Americana (Gols do RB: Paschoal (2) e Augusto Américo)
03/09/22 – Rio Branco 2-0 São João de Jundiaí – (Gols do RB: Paschoal e Augusto)
12/10/22 – Rio Branco 2-1 Paulista de Jundiaí – (Gols do RB: Paschoal e Frutuoso)
29/10/22 – Rio Branco 2-0 São João de Jundiaí – Jundiaí (Gols do RB: Braga e Frutoso)
Sem data específica – Rio Branco 5-2 Guarany - Jundiaí.
24/02/23 – Rio Branco 1-3 Paulista de Jundiaí – São Paulo (Gols do RB: Frutuoso marcou para o RB)

A última partida, inicialmente prevista para o início do 2º turno em São Paulo, foi adiada a pedido do Paulista, que era o atual campeão do interior dos anos de 1920 e 1921. Lolégio foi o goleiro do Tigre nesse jogo, porém, devido a sua péssima atuação, foi expulso dos chamados quadros do clube.

Com esse resultado as duas equipes se igualaram em pontos e decidiram a final da Zona Baixa da Paulista. Foi uma partida disputadíssima na capital no dia 04/03/23. 

O poderoso esquadrão do Paulista caiu diante do Campeão do Centenário

O Rio Branco bateria o Paulista de Jundiaí por 2 a 1 Paulista de Jundiaí. O jogo foi em São Paulo no Campo do Corinthians. Paschoal e Augusto fizeram os gols do Rio Branco. A base da equipe era Pisoni; Alfredo e Frutuoso; Carrinho, Carabina e Rafael; Albertino, Bertolato, Augusto, Paschoal e Braga.

Bi-campeão da Zona Paulista
(Campeão da Zona Baixa X Zona Alta paulista)

11/03/23 – Rio Branco 3 x 2 Rio Claro – Jundiaí
Gols do Tigre: Augusto (2) e Paschoal
A arbitragem foi de Antonio Dias

Incrível o relato feito no Memorial do Rio Claro F.C.: “Em 08/03/1923, o Rio Claro FC nega-se a enfrentar o Rio Branco FC da Vila Americana, hoje município de Americana, em Campinas por não ser campo gramado. Essa era uma partida válida para decidir o título da Zona Paulista do Campeonato do Interior. O jogo é remarcado para o dia 11.03.1923, em Jundiaí, no campo do Corinthians Jundiaiense FC. Perdemos por 3x2. 

Campeão Paulista do Interior: "Campeão do Centenário"
Jogos da fase final

25.02.1023 – Sanjoanense 2 X 1 Taubaté São Paulo
11.03.1923 – Taubaté 4 X 0 América São Paulo
18.03.1923 - Rio Branco 0 X 0 Sanjoanense - Palestra Itália, São Paulo
25.03.1923 – América 1 X 0 Sanjoanense São Paulo
01.04.1923 - Rio Branco 2 X 0 América de São Roque São Paulo
Nesse jogo, Carabina se contundiu logo no início e precisou ser retirado da partida. Naquela época não havia substituição.

Finalíssima do Campeonato do Interior

Último jogo seria entre Rio Branco, campeão da Zona Paulista com o Taubaté, Campeão da Zona Central do Brasil. Foi um inesquecível combate, que não teve Carabina, ainda contundido. No final, prevaleceu o forte e temido conjunto do time de Americana. O Rio Branco era o legítimo Campeão do Centenário, nome e título que levou por vários anos depois.

Foto histórica do elenco bi-campeão do interior 1922/23

Em 8/04/1923 o Rio Branco batia o Taubaté por 2 a 1 no Palestra Itália em São Paulo. Braga e Fructuoso marcavam para o Tigre. A base do time era Pizoni; Alfredo e Frutuoso; Ditinho, Rafael e Carrinho; Braga, Paschoal, Herculano, Augusto Américo e Albertino.

Festa com medalhas e homenagens

José da Cunha Raposo, então secretário do Rio Branco F.C., assim descreveu os festejos realizados:

“Aos 21 dias do mês de abril de 1923, a diretoria do Rio Branco F.C. seguida dos amigos do Clube, a grande massa popular e a banda de musica local, se dirigiu a estação às 15h30 afim de esperar a comitiva que vinha de São Paulo,a qual era composta pelo Sr. Manoel Freitas de Pinto Jr. Nosso representante junto a APEA e portador da Taça Palmeiras; Jarbas Cid de Godói representando a APEA; Dr. Álvaro Muller; Benedito Cavalcanti representando a Gazeta de Campinas; Taciano de Oliveira representando a Folha da Noite e o Sr. Figueiredo Jr. representante do Estado de São Paulo. Ao som da banda musical ‘Euterpe Vilamericanense’, deu entrada na gare o comboio. Aí recebido por esta diretoria, dirigiram se todos a esta sede onde lhes foi oferecido um copo de cerveja. Em seguida, a comitiva, acompanhada dos nosso jogadores e diretoria seguiram de automóvel para Carioba, ondi visitaram a estação de Regatas e a sede do Clube R. S. Carioba. De volta dessa localidade, percorreram as principais ruas da cidade. Às 19h realizou-se no hotel Brambilla o banquete oferecido por esta Diretoria aos jogadores e comitiva. Ao champagne, o prof. José Cunha Rapozo, brindou os jogadores pelo êxito que alcançaram neste campeonato e terminou oferecendo-lhes o banquete (...) Assim terminou a festa promovida em regosijo a conquista de Campeão do Interior do Estado de São Paulo no ano do 1º Centenário da nossa independência política”.

Pelo título de campeão legítimo do interior, o alvinegro ganhou a uma taça, na qual havia uma chapa de ouro com inscrições. A mesma chapa permaneceu no clube até 1930, pois assim com aconteceu com a Taça Jules Rimet, ela foi roubada  em 14 de dezembro daquele ano.

Final do estado “Taça Competência”



Passada a euforia pelo título do Centenário, o Tigre tinha o Corinthians pela frente para a finalíssima do Estado de São Paulo, no duelo chamado de “Taça de Competência”, o encontro entre o Campeão da Capital (era incluso o Santos F.C.) contra o Campeão do Interior, como se fosse uma "Recopa". 

No campo do extinto Palmeiras, em São Paulo, em 3 de maio de 1923, Corinthians (campeão da Capital) e Rio Branco (campeão do Interior) decidiam o título máximo paulista. O árbitro foi o Dr. Ernani Comodo. 

Era uma quinta-feira e o placar foi amplo para os paulistanos: 5 a 0. Dizem os relatos que o Campeão do Centenário estava irreconhecível. Coisas do futebol, que à época já dava mostras de ser uma caixinha de surpresas.

Foram rês gols de Neco, um de Peres e um de Gambarotta, no estádio “Floresta”, do então Associação Atlética das Palmeiras. Essas as escalações do histórico jogo final:

Rio Branco F.C.: Pisoni; Joanin e Frutuoso; Rafael, Alfredo e Carrinho; Ditinho, Braga, Paschoal, Emilio e Albertino. 

Corinthians: 
Carioca; Del Debio e Rafael; Gelindo, Gambá e Ciasca; Perez, Neco, Almilcar, Tatu e Rodrigues.

Alguns amistosos

23/04/1922 – Rio Branco 0 x 0 Concórdia (Cps.) – Campo do RB Taça “Eduardo Guedes
24/06/1922 – Uberaba F.C. 1 x 0 Rio Branco – Uberaba MG - Amistoso
25/06/1922 – Uberaba F.C. 3 x 1 Rio Branco – Uberaba MG- Amistoso
30/06/1922 – Rio Branco 3 x 2 Vila Industrial (Campinas) - Amistoso
08/1922 – Rio Branco B 3 x 2 Guarani B – Campinas – Torneio O Centenário
08/1922 – Rio Branco A 1 x 2 Guarani A – Campinas Torneio O Centenário

Curiosidade:
 Albertino e Macaco que estavam no Rio Branco eram irmãos. Albertino era pedreiro. Certa vez, foram assediados pelo forte Paulistano, que enviou seu poderoso presidente para a Villa Americana tentar a contratação dos filhos do Sr. Benedito Machado, que residia na Rua do Pito Aceso (Atual Rua Capitão Correa Pacheco). Foi oferecido ótimo salário, casas e lugar no melhor clube daquela época. Eis que Albertino responde, segundo o Especial de Centenário do RB do Jornal Todo Dia: "Somos pobres operários. Enquanto jogarmos futebol, jogaremos para o Tigre. O dinheiro não nos interessa. Temos o Rio Branco dentro dos nossos corações. Agradecemos, mas é inútil insistir".


*Todos os especiais do blog contém dados e fotos extraídos de pesquisas na internet, jornais de Americana e acervo próprio. Se alguém se sentir lesado por algum dado aqui colocado, o blog fará a exclusão ou retificação.

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