Roger Willians: "Ainda um filhote de 100 anos"

4/26/2014 0 Comments

"No ano que vejo meu Rio Branco chegar aos 100 anos, eu me vejo bater a casa dos 30. Quando nasci, em 1983, o alvinegro batalhava na quinta Segundona depois que voltou ao profissionalismo. Vim ao mundo quando o Tigre da Paulista já era um senhor de 70 anos.

Estranho pensar assim. Para mim, o Rio Branco parece sempre um menino, ou na fauna, um filhote. Sempre precisando de carinho, ajuda e muito dengo por todos que o rodeiam. Mas um filhote que ainda tem muito que viver nessa floreta à dentro. E eu quero ser um senhor com muita saúde e lucidez para ver e curtir quando for um felino grande e impiedoso.

Digo isso por que 100 anos passaram assim, num rugido! Daquela assembleia de malucos, com alguns moradores de Vila Americana, que fundaram um tal Arromba até o milésimo gol no Décio Vitta, foi tudo muito rápido. Parece que foi ontem mesmo que éramos o único time do mundo a revelar três jogadores para três seleções diferentes em uma mesma copa do mundo, com Marcos Senna (Espanha), Zinha (México) e Mineiro (Brasil), em 2006.

Isso me dá a certeza de que agora temos que esperar não pelo bicentenário, mas pelo primeiro milênio. Se passamos por tudo, por duas paralisações do futebol, a quase falência, três rebaixamentos, a uma divida milionária e inimaginável e ainda estamos aqui, ostentando um estádio, uma enorme sede e dívidas pagas é por que ainda temos muita lenha para queimar. Estamos só no começo.

Vivi 30 dos 100 anos do Rio Branco e não vivi nem metade com esse clube do que ainda quero viver. Sonho vê-lo no Brasileirão, num jogo internacional, sonho ver o Décio Vitta com seu anel fechado recebendo um jogo de Seleção, sonho ver Marcos Senna cumprindo a palavra e encerrando a carreira em Americana... Sonho tanto!

Mas um dia também sonhei em ver o Centenário. E aqui está ele! Chegamos todos vivos, especialmente o Rio Branco Esporte Clube. Quer dizer, nem todos conseguiram ver este feito. Pessoas essenciais para essa data, homens que viveram o clube, atletas que se entregaram, funcionários queridos... Obrigado a cada um de vocês.

Obrigado também ao meu pai, que desde pequeno sempre me incentivou em torcer pelo Rio Branco. Ele ama o Tigre, eu amo ambos. Quero estar ao lado deles no dia em que voltarmos à elite.

Narrei exatos 200 jogos do Rio Branco na minha carreira. Aliás, devo mais essa ao meu Tigrão, não fosse ele eu não faria hoje o que mais gosto de fazer, que é narrar futebol. Me lembro de cada partida, cada gol, cada rebaixamento e cada acesso em que estava de microfone em mãos. Cada segundo gritando gol me deu mais vida, mais alegria. Cada “Dá-lhe Tigre” valia cada amigo que fiz nas arquibancadas torcendo junto pelo alvinegro.

Rio Branco é isso. Não consegue definir quem não é. Riobranquense é aquele que torce sem se preocupar com títulos, mas sim por um propósito sadio de rever amigos, de se orgulhar de um passado grandioso, de uma interminável permanência na elite, de ver suas revelações brilharem e, mais do que isso, ser riobranquense é ir além: é ser muito mais americanense!

Minha cidade tem um embaixador, o Rio Branco. O Tigre tem uma cidade linda, Americana. São sinônimos, se misturam, se confundem. Quero ser um senhor vivendo na Princesa Tecelã e torcendo eternamente pelo Tigre da Paulista, um filhote apenas, que tem o mundo pela frente, o futuro por conquistar e um nome glorioso por sempre defender.

Rio Branco que me arrepia da pele ao osso. Tigre que de emoção me arrebenta! Rio Branco, só quem é sabe o amor que representa...

Em lágrimas encerro esse texto maluco, como maluco é todo riobranquense, mas agora nos respeitem mais ainda, pois somos malucos com 100 anos! Um centenário todo de garra, emoção e perseverança.


Dá-lhe Tigre!"

Roger Willians

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