Tigre é bi-campeão do interior em 23
No ano de 1923 o Rio Branco (que foi campeão da Região da Baixa
Paulista) chegou novamente às finais do interior, quando fez um jogo histórico
diante da Francana, no campo do Corinthians. Sob temporal, o time bateu a até
então invicta campeã da Zona Mogiana por 1 a 0, gol de pênalti de Fructuoso, e colocou
a mão na taça, que seria conquistada após um empate sem gols com o Sorocabano,
no dia 10 de fevereiro de 1924.
Foi também em 1923 que houve os primeiros relatos de que o mascote e o
símbolo riobranquense seria um Tigre.
Equipe bi-campeã em 23 com apenas 10
anos de fundação
Segue abaixo a campanha completa dessa saga dos títulos da Zona Paulista
e do Campeonato do Interior, conquistado pela segunda vez pelo Tigre e cujo
troféu está ao lado da tabela de jogos. O Rio Branco, fundado em 1913, ou seja,
há 10 anos, era já um gigante do estado na era do amadorismo do futebol.
22.07.1923 - Rio Branco 1 x 1 Carioba (Americana) Americana – SP
12.08.1923 - Rio Branco 1 x 3 Rio Claro (Rio Claro) Americana – SP
19.08.1923 - Rio Branco 3 x 1 Guarani (Campinas) Americana – SP
02.09.1923 - Rio Branco 3 x 1 XV de Novembro (Piracicaba) Americana – SP
09.09.1923 - Rio Branco 3 x 3 Ponte Preta Campinas/Campo do Pastinho –
SP
16.09.1923 - Rio Branco 2 x 0 Velo Clube (Rio Claro) Rio Claro – SP
23.09.1923 - Rio Branco 2 x 1 Palestra Itália (São Carlos) Americana –
SP
07.10.1923 - Rio Branco 1 x 0 União Agrícola - Sta Bárbara d’Oeste
21.10.1923 - Rio Branco 1 x 0 Palestra Itália (São Carlos) São Carlos –
SP
28.10.1923 - Rio Branco 4 x 0 União Agrícola - Americana – SP
04.11.1923 - Rio Branco 0 x 3 Rio Claro (Rio Claro) Rio Claro – SP
15.11.1923 - Rio Branco 1 x 0 Carioba (Americana) Americana – SP
18.11.1923 - Rio Branco 1 x 1 Guarani (Campinas) Campinas – SP
25.11.1923 - Rio Branco 1 x 1 Internacional (Limeira) Americana – SP
02.12.1923 - Rio Branco 3 x 1 Ponte Preta (Campinas) Americana – SP
23.12.1923 - Rio Branco 1 x 0 Velo Clube (Rio Claro) Americana – SP
06.01.1924 - Rio Branco 1 x 0 Paulista (Jundiaí) São Paulo – SP
25.01.1924 - Rio Branco 1 x 0 Francana (Franca) São Paulo – SP
10.02.1924 - Rio Branco 0 x 0 Sorocabano (Sorocaba) São Paulo – SP
Assim relatou as festas pelo bi-campeonato o jornalista Claudio Giória:
“A notícia de mais um título para o Tigre fez os torcedores lotarem o Cinema
Central de Vila Americana, palco tradicional de comemorações na cidade, para
cantarem o hino do clube. Com uma bateria de fogos, a torcida se reuniu para
recepcionar os campeões, que haviam acabado de ganhar a taça Odilon Ferreira.
Cinco dias depois, o Rio Branco decidiu confeccionar medalhas de ouro para os
jogadores e começou a arrecadar dinheiro. Na festa pelo título, gastou-se CR$
125 em pastéis para os jogadores. Cada diretor do clube foi convidado a
contribuir com CR$ 13.”
O Jornalista relata ainda em seus levantamentos que em 23 no carnaval da cidade, houve uma homenagem ao grande time riobranquense de 22, Campeão do Centenário. Um dos carros alegóricos trazia um Tigre olhando para um índio bugre (mascote do Guarani) feito de forma bem cabisbaixa sob as suas garras. Era uma alusão à supremacia que o Rio Branco tina sobre o rival de Campinas, ganhando até mesmo na final da Zona Baixa Paulista.
Segundo clube mais antigo da cidade, o Clube Recreativo e Sportivo Carioba, fundado em 9 de julho de 1914, disputaria na era profissional duas vezes a Quarta Divisão (a chamada “Terceirona”, por que havia a Divisão Especial). Seu uniforme principal trazia calções vermelhos, camisas brancas com listras na horizontal em vermelho e preto (idêntica a do São Paulo F. C.). O Carioba se encontra extinto.
Rio Branco é "garfado" na final da Taça Competência
O Tigre perderia o Titulo Paulista da chamada Taça Competência, que
estava em sua sexta edição, novamente para o Corinthians, dessa vez, de virada
e por questionáveis 2 a 1. O jogo ocorreu em 30 de março de 1924, no “Palestra
Itália”.
O Tigre saiu na frente, mas levou a virada com gols de Pinheiro e
Tatu. Quem viveu próximo à época, como o radialista Geraldo Miante, da Rádio
Azul Celeste, lembra dos comentários da ainda Villa Americana e jura que o Rio
Branco foi prejudicado demais pelos árbitros nos dois confrontos contra o
Corinthians em São Paulo. “Meteram a mão no Tigre”, revive.
Na crônica ao lado, da imprensa da própria capital da época (do acervo
do Marcel Pilatti), há o questionamento acerca do primeiro gol do Corinthians,
quando o árbitro havia apitado entrada no goleiro riobranquense, mas com a
feitura do gol, não foi capaz de anular.
O Corinthians conquistaria seis vezes a Taça Competência, que foi
disputada de 1918 até 1932. Foi o maior campeão dessa competição. Apenas o Rio
Branco e o Paulista, de Jundiaí, chegaram a final duas vezes, como campeões do
interior.
Em 1924 não haveria a disputa dessa taça, o Corinthians era proclamado
campeão, em virtude da chamada revolução de
1924, não houve disputa do campeonato do interior.
Nossos heróis!
A homenagem do blog ao
Rio Branco, aos heróis da década de 20, que jamais pode ser esquecida, aos
jornais e jornalistas (especialmente Cláudio Giória, que em sua coluna no
Jornal Todo Dia colocou grande parte desse acervo) e a torcida. A imagem
abaixo é dos jogadores que trouxeram para Americana as glórias de todo
Estado por uma década de ouro.
Aristides Pisoni: foi goleiro do Rio Branco de 22 a 26, tendo jogado
43 jogos. Foi bi do interior em 22 e 23. Sua família seguiu no RB, os filhos
Athos e Oswaldo (primeiro goleiro a tomar gol no Maracanã, pelo Bangu-RJ) A
esposa, Jovina Brambilla, foi a primeira mulher associada ao clube, em dezembro
de 1923. Faleceu no dia de Natal de 1969, em Americana, terra que escolheu para
morar e desenvolver a carreira e a função de alfaiate. Nasceu em Itatiba-SP.
Virou nome de praça de esportes na Princesa Tecelã.
Raphael Vitta: irmão de Alfredo Vitta e Paschoal Vitta
("Paschoalino"). Eram os líderes do time fantástico do início dos
anos 20. Segundo o historiador e jornalista Claudio Giória, era "linha
dura, comandava os treinos do Rio Branco e não aceitava reclamações de cansaço,
mesmo sob sol forte. Era respeitado por todos dentro do clube. Sua mulher,
Maria Diniz Rita era a responsável por lavar os uniformes e lustrar as taças da
década de 20". Seu nome é emprestado a uma grande avenida em Americana, a
principal via que leva ao estádio Décio Vitta (filho de Raphael). Morreu novo
em 22/09/1975, em Catanduva. Minão Vitta, ex-presidente, e cujo nome é Raphael
também, foi seu neto.
Paschoal: mais um dos Vitta muito bom de bola. Marcou
28 gols de 1920 a 1926, em 62 jogos. Era vendedor em Villa Amerciana e
tinha um chute muito potente.
Augusto Américo: anotou 22 gols na história como jogador do RB de
1922 a 1925. Atuou em 39 jogos. No time de 21 começou como zagueiro, mas até 25
passou para o ataque. Negro, chegou na cidade, segundo Giória "a convite
do padre Vicente Rizzo, um incentivador do esporte na Villa". Faleceu em
1953 na capital paulista.
*Todos os especiais
do blog contém dados e fotos extraídos de pesquisas na internet, jornais de
Americana e acervo próprio. Se alguém se sentir lesado por algum dado aqui
colocado, o blog fará a exclusão ou retificação.
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